quinta-feira, 20 de maio de 2010

Perspectivas em "mesa"



A primeira mesa de discussão do Fórum tinha o objetivo de abordar questões referentes a democracia, contestação e mudanças sócias, que segundo alguns teóricos presentes, estudantes desavisados e acompanhantes da discussão, seria totalmente possibilitado pelas novas mídias e redes sociais - um riquíssimo espaço de ação, interação e participação. Segundo eles, a contestação e a luta por um mundo diferente - diga-se sustentável, ou mais, ético e democrático – seria mais palpável a todos, se fosse expandido o contato e acesso das pessoas às novas mídias.


O publico acompanhava a exposição dos palestrantes e respondia bem as proposta, todo discurso que enfatizava a liberdade e capacidade do cidadão de agir e mudar o ambiente em que vive, possibilitado pelas hipermídias estava sendo muito bem construído por Lucian Tarnowski e seu “girl effect”, em paralelo a comunicação empresarial que enfatizava a necessidade de contato com o publico, e a conjugação das palavras internet e sustentabilidade, da Petrobras. Ate que o morador da periferia de Brasília, GOG, se levantou para sua argumentação. O artista mudou os rumos das discussões e trouxe o assunto da participação e das redes sociais para um âmbito mais próximo e orgânico. Se apossou das teorias e caminhos propostos e mostrou como elas existem e como se configuram na realidade nos espaços pobres do país, que alem de acesso, não tem instrução para lidar com esses assuntos. O poeta mostrou a ira do Hip Hop, apontando boas verdades a quem construía e concordava com todo aquele mundo ate então apenas teórico. E o publico? O ovacionou, claro. Em meio a tantas ideiiais e teóricos, era realmente necessária a presença de pessoas do povo, que realmente vivam aquela realidade, descrita e idealizada naquele palco.


A cena se repetiu nas próximas palestras. Débora Garcia e Vincent Defourny explanaram bem, mas se ativeram mais a questões organizacionais e teóricas, o público estava disperso e só voltou a reagir dando animo aos palestrantes, quando Rigoberta Menchú, pôs-se a falar. A vencedora do Nobel da Paz deu mais humanidade aos discursos e, assim como GOG, tirou as idéias e as propostas da utopia e trouxe para mais próximo do cidadão e do possível.



Contraste -A teoria e a realidade


A primeira alfinetada da mesa 1 foi a fala do artista GOG em torno da mídia. Para ele deveria haver uma democratização dos meios de comunicação e um maior aproveitamento de sua comunicabilidade para produzir, e melhor distribuir, a informação. Segundo o artista “Os meios de comunicação trabalham com notícia e não informação”. GOG ainda criticou a limitação de alcance de programas televisivos que seriam educativos, como o Telecurso 2°grau. “O programa passa às 6 horas da manhã quando o meu pai já saiu para trabalhar” diz.






Outro ponto levantado por GOG foi “até que ponto a comunicação atual é verdadeira”. Para ele as comunidades não têm acesso nenhum à mídia, para expor suas idéias e sentimentos, “a radio pirata é a comunicação da comunidade” desabafa.

Na contra mão do pensamento do artista GOG, vem a representante Débora Garcia do canal Futura, que fez uma participação mais institucional segundo vários participantes. Débora afirma que o canal mesmo tendo um perfil “tradicional” distribui informação através de seus programas educativos, e que o alcance do canal é grande. “Através das parabólicas chegamos até ao interior” diz. De acordo com ela o canal Futura aposta na descentralização da informação através das redes universitárias. Mas as redes universitárias acabam excluindo por que é muito pequena a parcela da sociedade que está na universidade.

Segundo Débora o canal futura abre espaço para vários programas feitos por produtores independentes que acabam sendo atrelados a programação “normal” do canal. “Montar uma mídia alternativa está em nossas mãos” afirma. Segundo Débora, o canal Futura promove esta abertura direcionada a produtores independentes, que idealizam os programas e não estão na grande mídia. Mas estes produtores mesmos independentes fazem parte de uma minoria, muitas vezes uma minoria universitária. Apesar de muitas iniciativas de mídias alternativas serem exemplos de sucesso ainda existe muita exclusão.


Segundo Débora, o controle remoto pode ser uma ferramenta para a sociedade exercer pressão na grande mídia, “se o telespectador não gostar, não achar importante, têm outras coisa, ele pode desligar ou mudar o canal” diz. Diante desta fala foi possível sentir uma reação negativa da platéia, além de vários comentários.



Especial

Um momento especial da primeira mesa foi a fala da guatemalteca Rigoberta Menchú, prêmio Nobel da Paz em 1992. De uma maneira simples e inteligente Rigoberta falou sobre diversos assuntos discutidos no fórum, sustentabilidade, redes sociais, comunicação, educação, e cativou a platéia. Segundo ela não basta apenas falar, temos que saber o que estamos falando. “A juventude tem que saber o que falar” afirma. Um ponto bem frisado pela palestrante foi a educação. Para ela a educação é a base de tudo, “eu acredito em uma educação integral” diz. Demonstrando ser uma pessoa antenada, Rigoberta arrancou risos da platéia quando contou que utiliza muito o youtube e quando convidou a todos para participar do seu Facebook. Rigoberta ainda afirmou que as tecnologias de comunicação atuais são de grande importância. “Essas maravilhas são ferramentas que devemos usar para contribuir para um mundo melhor” diz.




Por: Flavio Fantini e Vinicius Morais




1 comentários:

Ana Luiza Perdigão disse...

Estou adorando esse forum, a cobertura de vocês sobre o evento está fantástica!! Que vontade de estar aí:)... Sempre gostei do tema e acredito que nós como futuros jornalistas, precisamos entender realmente a importância da verdadeira sustentabilidade. Estou acompanhando tudo!! Bjos