sexta-feira, 21 de maio de 2010

Dia de Yunus e Boff

Segundo dia do Fórum. Mesa, palestra, diversidade de opiniões, Marisa Orth como mestre de cerimônias, tudo muito harmonioso até a tradução simultânea via fone dar problemas e tirar nossa Mc. do sério. Um pequeno contra tempo que, de forma nenhuma, tirou o brilho da discussão em andamento.
No primeiro tempo do dia, mediada mais uma vez por Mona Dorf, compunham a mesa Bert Parlee, Tia Dag, da casa do Zezinho e o multi artista MV Bill, que dispensa apresentações. Intervalo nas falas para fechar de uma forma brilhante a primeira rodada: Leonardo Boff.

Leonardo Boff, o sacerdote do saber

Abrilhantando o evento com sua presença quase transcendental, Boff trouxe uma carga pesada de reflexão para o momento em que vivemos. Professor de Ética, Filosofia da Religião e Ecologia, este grande escritor com mais de sessenta livros publicados sacudiu nossas consciências com seu discurso sobre a ética do cuidado: “É imperativo cuidar, cuidar e cuidar, não administrar”, provoca. Criando uma conexão direta sobre amor, ação e atenção com o próximo e com a terra, Boff que foi um dos contribuintes para a formatação da carta da Terra seguiu dizendo que “sustentabilidade é permitir que cada ser vivo conserve sua vida, com cooperação.
É preciso que abandonemos o consumo capital financeiro, que é limitado e passemos a consumir o capital espiritual que é infinito”. Sugere que a única saída é uma “revolução “molecular”. Não do peito para frente, mas das costas para frente, para sanar esta falta de consciência social vigente”. Seu discurso inflamado, de uma personalidade que viaja pelo mundo dando palestras e estudando o que o homem faz com o planeta, expõe que a humanidade não quer mais o meio ambiente, quer um ambiente inteiro. E termina seu discurso parafraseando um filósofo que diz que “O ser humano não aprende com a história, mas sim com o sofrimento”. Sensação final de sua exposição? O circo está pegando fogo, e não queremos sair de dentro.

Muhammad Yunus não quer ser um milionário...

...”só” quer que a miséria acabe no mundo. Em uma mesa composta por integrantes da alta sociedade empresarial brasileira, a presença de Yunus, inspirou todos os discursos. Criador do Grammem Bank, este prêmio Nobel da Paz 2006, abaixa a bandeira do capitalismo animal. Extremamente respeitado por sua genial atitude, diz que para nos sentir felizes precisamos aprender a apreciar a felicidade dos outros. Hoje o dinheiro é uma forma errada de se perceber a felicidade, logo, trabalhar deveria ser mais importante do que estudar.

Yunus usou desta confusão para incentivar a alfabetização de um país inteiro. Oferecendo créditos em seu banco, sem auxílio de grandes empresas, elevou a renda na base da pirâmide social em troca de crianças na escola. Acreditar na cultura é uma forma de investimento, acredita Yunus.



Fechando os trabalhos

Depois de tanto debate, precisaremos de um bom tempo para digerir tudo que foi dito e exposto. O problema ambiental é urgente e necessita ação. Começar já. Não há mais tempo! Mensagem forte de uma terra que não tem mais saída. Os recursos estão escassos e precisamos uns dos outros, de olhar para o lado para continuar caminhando, vivendo.

Para o final um show quase particular de Manu Magalhães, MV Bill, GOG, Jairzinho, Móveis Coloniais de Acajú e o grande astro Seu Jorge para uma platéia de pouco menos de 300 pessoas... mas que participaram intensamente. Uma forma positiva de se fechar um fórum tão denso. Muito bom, mas agora é com a gente. Cada um fazendo sua parte. Consciência, cuidado e ética!

0 comentários: