sexta-feira, 28 de maio de 2010

O primeiro vôo...

"A primeira vez é inesquecível". Essa é uma máxima que pode ser utilizada em vários momentos da vida. E a história da primeira viagem de avião merece ser contada... Peço licença aos meus amigos que compartilharam desse momento comigo, porque vou contar a nossa história aqui... e que eles também possam complementar com as próprias sensações depois.

E como toda viajante que se preze, antes de tudo é preciso comprar as passagens! E a compra das passagens já foi um episódio à parte... Depois de sermos selecionados pela Daniela para ir ao Fórum no Rio, era preciso confirmar logo nossa presença enviando o comprovante da passagem. Foi um misto de euforia em saber que íamos, ansiedade pelas coisas que íamos aprender, muitas dúvidas sobre como comprar uma passagem aérea, e o medo de avião...

Flávio já era um cara experiente, danadinho comprou logo. E ele, bom amigo que é, deu as coordenadas para que fizéssemos o mesmo. Eu, Matheus e Vinícius altas horas da noite na internet tentando comprar no mesmo vôo do Flávio, pela economia e também pela segurança de tê-lo por perto. Mas engraçado, que cada hora aparecia um preço diferente no mesmo dia. Será que o site atualizava sozinho? "Caraca, esse site tá mandado!" "Ê mandioca! tá muito doido, o trem mudou de novo!" e várias expressões de surpresa se seguiram até descobrirmos que a passagem alterava o preço conforme alterávamos "ida e volta" ou apenas "ida". Duas horas depois...rsrsrs... hora de escolher os assentos. O caxias do Flávio, na primeira fileira. E agora? Óbvio. Vamos comprar no meio! Se o avião bater de frente, morre quem tá na frente primeiro. Se bater de trás, morre quem tá atrás. Só pode ser no meio!! (rssrs sem comentários - acreditem se quiser, foi mesmo esse o requisito determinante para definir as poltronas).

O vôo estava marcado para o dia 19, às 6h15. Fui dormir na casa do Matheus, porque se fosse pra minha (em Neves) não chegaria NUNCA nesse horário no aeroporto. Combinamos de sair às 4h30, horário em que o Vinícius e sua mãe chegariam para nos pegar. No susto, acordamos 4h25! Nos arrumamos em segundos! E cadê o Vini? Fudeu... Já era quase 5h... e nos disseram pra chegar com uma hora de antecedência (contextualizando - Estávamos na região central de BH).

Enfim chegaram e saímos logo em direção ao aeroporto de Confins. Claro, antes tivemos que dar aquela perdidinha básica pelo caminho... Comecei a pedir pra Nossa Senhora dos Atrasados que intercedesse por nós... Flávio começou a ligar... É Dani, confesso. Ele já estava lá... do jeito que é, provavelmente estava desde as 3h da matina. Quando chegamos, ele estava nos esperando com aquela cara de tranquilidade e rindo à toa, como sempre. O motivo de estar rindo às 5h da manhã? Vai saber...

E de repente, a surpresa... assim que fizemos o check-in, a atendente tirou um radinho desses de comunicação e anunciou "Eles chegaram". Nos entreolhamos na mesma hora. Parecia que éramos foragidos da polícia que tinham acabado de ser pegos "com a boca na botija". Pra variar, começamos a rir...
Enquanto passavámos pelo detector de drogas, metais, armas pesadas, e outros brinquedinhos a mais (pedi a Nossa Senhora dos Fugitivos que não encontrassem nada disso na mochila do Flávio) , é que percebemos que a situação era grave. Os nossos nomes estavam sendo anunciados para quem quisesse ouvir! Agora, todo mundo saberia que nós éramos os culpados por atrasar o vôo da Webjet e, fico pensando, se também não atrasamos outras linhas.

E foi tão engraçado ver a nossa cara de espanto! Isso só podia acontecer com a gente mesmo! Eu não sabia se corria (porque já tinha um cara fazendo sinal na sala de embarque indicando que ia fechar a porta), ou se eu ria da professora Dani olhando com aquela carinha que não sei ainda se era alívio por termos chegado, ou se "eu mato vocês por me fazerem passar essa vergonha!"... Escolhi correr morrendo de rir... o que não foi muito bom, pq a mala ficou mais pesada ainda e quando cheguei afobada de tanto rir no micro ônibus que nos levaria ao avião, o impacto de tantas caras fechadas e olhares furiosos foi bem maior. Acho que aquele povo todo esperando devia estar com muito sono... é melhor pensar assim, do que pensar que estavam a ponto de esganar um de nós...(Pedi a Nossa Senhora dos Desesperados que não os deixasse cometer nenhuma loucura de fúria).

E enfim, sentados nas POLTRONAS DO MEIO... só pra garantir a segurança..rsrs começou a expectativa (será que é mesmo tudo isso que falam pra gente?) e o medo de ter dor de barriga ("Rafaela, se cuida bem.. muita gente tem dor de barriga no primeiro vôo..." ). Eu não entendi muito bem porque alguém teria esse problema, (se bem que algumas pessoas literalmente "cagam de medo" de algumas coisas) mas resolvi pedir pra Nossa Senhora Curadora da Diarréia que intercedesse por nós...

Finalmente, o avião começou a correr na pista e logo estávamos voando... Caraca mané!! Estamos voando!! Essa foi a minha sensação primeira. Depois uma sensação de borboletas na barriga (mais tarde descobri que era fome... Nossa Senhora dos Famintos, perdoe as pessoas que comem o pão da partilha sem partilhar... tenho certeza que depois eles se arrependem...).
Fiquei lá com a minha poupança bem presa na poltrona, as mãos bem firmes na cadeira para não cair. Depois, fui ficando mais leve e beeeemm mais tranquila. Não era nenhum bicho de sete cabeças, acho que podia começar a relaxar.

Então, que lindo! De repente, percebi que estava vendo tão de perto as nuvens!!!! Que lindas as nuvens... pareciam um mar de algodão doce. Uma das melhores sensações que já tive. Foi de ficar ali, olhando pra elas. E que vontade de abrir a janela e pular em cima delas... pra ficar brincando de rolar de um lado para o outro. Parecia que não havia nada embaixo delas, e que eu poderia caminhar sobre elas sem medo de cair. Nossa Senhora das Nuvens seguraria... Tive uma lembrança de quando era mais menina, e olhava pro céu pensando que esse mesmo céu azul terminava nas nuvens... E pensava que as nuvens era como algodão doce, que a gente podia sentir o cheiro de açúcar e do riso se chegasse perto. Gostaria de guardar num quadro essa sensação, para que sempre que olhasse me sentisse igual. Mas seria muito triste tanta beleza e poesia presas num quadro na parede. Melhor mesmo é tê-las no coração, com a simplicidade e beleza magníficas de olhar uma flor bailando com o vento...

Ops! Já estamos descendo! Acorda do sonho doce que é hora de pousar na cidade maravilhosa! ( O piloto anunciou quando chegamos "estamos sobrevoando o Rio de Janeiro. Vista de cima, a cidade continua linda!" (O piloto ficava imitando o Sílvio Santos, num bom humor que contagiava... o Flávio dava gargalhadas lá na frente, e a gente se divertia também).
E foi tudo tão rápido! Cronometrando direitinho, não dava tempo de ir de BH a Ribeirão das Neves. (Nossa Senhora dos Passageiros Nevenses, interceda pelo povo que leva 1h30 pra chegar a BH todo dia - quando o trânsito está bom!).

Muito bom também saber que estávamos em terra firme, e ninguém tinha tido dor de barriga (Se bem que o Flávio... ah... essa história contamos em outro post...). Demoramos ainda um pouco pra sair do avião, porque o pobre do estagiário que abria a porta teve um problema. Imagino que seja estagiário, porque todo estagiário sempre leva a culpa... Alguém ficava falando pra gente no microfone "Já está vindo alguém ajudar o rapaz"... sacanagem...rsrs

E assim, termina a odisséia do primeira viagem aérea... Talvez não interesse muito, mas "quem conta um conto aumenta um ponto". E o que é a vida, senão um grande conto?


O final e as entrevistas

Acho que todos nós, inclusive nossa professora Daniela Serra, não achavamos que nossa viagem ao Rio de Janeiro, para o III Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, seria tão proveitosa, como todos os leitores do nosso blog puderam perceber. Nossa equipe teve um grande empenho e apesar de algumas dificuldades, como a falta de internet onde eram apresentadas as palestras, elas foram superadas com a ajuda dos participantes.
Eu tenho uma reclamação, em meio aos grande ponto positivos vistos durante os dois dias de apresentação do Fórum: a dificuldade para conseguir entrevistas com os palestrantes.
E isso foi comprovado por praticamente todos os grupos, que revesavam suas funções e hora sim, hora não, teriam que fazer as entrevistas. Nossa dupla, no caso eu e Sara Antunes, ficamos responsáveis pela entrevista em duas das mesas. Na primeira, o participante Tião nos acolheu de uma forma delicadíssima e nos atendeu da melhor maneira possível. Já na segunda tentativa, as 'estrelas' do evento, como eu posso considerar que para muitos tenham sido, não quiseram ou alegaram não ter tempo para responder uma pergunta.
Eis que a cobertura poderia ter sido mais completa em alguns pontos, porém muitas vezes a culpa não é nossa. Então, gostaria de esclarecer meu desabafo, sem citar nomes.

Daniela Rezende

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Por trás das câmeras


O III Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade foi transmitido via web, em tempo real, para diversas universidades. Durante as palestras e debates, uma equipe considerável trabalhava, em equipamentos de primeira linha, para garantir o sucesso da transmissão.





O retorno pôde ser percebido através do número de perguntas, via web, que os palestrantes recebiam. Algumas vezes até impossibilitavam as respostas das perguntas feitas pelos participantes presentes no fórum.


(Fotos: Júlia Dias)

terça-feira, 25 de maio de 2010

Dois dias sustentáveis e com muita sede

Após vários comentários positivos a respeito do III Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, resolvi que algumas questões deveriam ser abordadas, pois nem tudo gira em torno dos elogios. Acredito que em algumas situações, criticas podem ser bastante positivas, visto que impedem a recorrência do erro. É neste sentido que pretendo ressaltar a carência de algumas coisas durante o evento realizado no Rio de Janeiro.
Primeiramente, estranhei a falta de lixeiras no local, fala-se em reciclagem, em desenvolvimento sustentável, em preservar o meio ambiente, mas falta um artigo de necessidade primária, lixos acessíveis aos participantes. É ambíguo notar a ausência de cestos de lixo em um evento que discute sustentabilidade. A falta desse artigo destoa de discursos de palestrantes como Tião Santos, que é presidente da Associação de Catadores do Aterro Metropolitano do Jardim Gramacho e representante do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis.
A minha segunda crítica é devido a falta de bebedouros no local onde se realizou o Fórum, pois durante os dois dias em que ali estive, não consegui avistar nenhum local onde pudesse matar minha sede. Água durante o Fórum só pagando quatro reais , além dos quarenta centavos pelo serviço do garçom. Acho um absurdo obrigar os participantes a consumir algo que não querem.
A maioria das pessoas não fica um dia inteiro sem beber água, eu não consigo ficar nem uma tarde, e acabei me vendo obrigada a pagar um preço que não julgava justo pela água, já que não encontrei nenhum bebedouro dentro do Vivo Rio.
Não acho pertinente com tudo o que ali foi discutido, e muito menos com o público presente, que em sua maioria apresenta ideais diferenciados, e consciência a respeito de assuntos polêmicos como o meio ambiente e a comunicação.
No geral eu adorei o evento, gostei muito da estrutura do local, dos palestrantes, das tecnologias disponíveis, porém acredito que criticas devem ser feitas, mesmo que os pontos positivos superem os negativos, porque é através destas críticas que o próximo Fórum poderá ter uma repercussão ainda melhor.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Lixo, um problema do Brasil, da Estônia e do resto do mundo

A discussão sobre a emissão de resíduos sólidos no meio ambiente é a pauta da segunda mesa de debates, para esclarecer e desenvolver a temática foram chamados André Trigueiro, Rainer Nolvak, Tião Santos e Ferrez. O jornalista André Trigueiro comentou sobre o impacto econômico do lixo, deixando bem claro que os resíduos são considerados uma valiosa mercadoria pelas grandes empresas. Segundo Trigueiro, cada vez mais empresas se dizem sustentáveis, mas ao medir a “pegada ecológica” de cada uma delas percebemos que não contabilizam todos os impactos dos seus processos.

O palestrante Tião Santos, representante do MNCR, Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis, advertiu o descaso sofrido pelos catadores, enquanto grandes instituições recebem o crédito pela responsabilidade ambiental os profissionais da base que trabalham na coleta e separação são esquecidos. Para Tião a coleta seletiva não passa de um projeto social, mas deveria ser uma iniciativa pública, uma obrigação do governo.

Veja abaixo duas perguntas que nossa equipe fez ao entrevistado:
Em Belo Horizonte existe a Asmare, uma associação de catadores, em algumas entrevistas que realizei com a associação percebi o quanto eles valorizam o trabalho das cooperativas. Para você qual a grande diferença entre o trabalho nas cooperativas e o autônomo? (Luísa Melo)


Os debates têm discutido o papel da comunicação na sustentabilidade, para você Tião como a mídia retrata os catadores? (Sara Antunes)


domingo, 23 de maio de 2010

Um show de encerramento!


Enquanto os convidados se socializavam no último coffee break do evento, uma equipe eficiente transformava o auditório em uma pista de dança. Visando valorizar a diversidade humana, a paz, a integração entre os povos e homenagear a Carta da Terra, o encerramento do evento contou com pequenos shows dos artistas: Seu Jorge, MV Bill, Móveis Coloniais de Acaju, Mallu Magalhães, GOG e Jair de Oliveira.

"Em um evento como este, que trata de um tema como este, precisamos estar juntos. Mas não basta só estarmos juntos, precisamos estar juntos e misturados", afirmou MV Bill ao introduzir a participção de um violino em uma de suas músicas, fazendo uma alusão à mistura dos povos presentes e ao hip hop fundido à música clássica.



O pocket show da banda Móveis Coloniais de Acaju, contou somente com a participação do vocalista, do guitarrista e do nipe de metais. A decepção do público que esperava a banda completa, logo se converteu em palmas e vocais calorosos que, segundo o vocalista, fez o papel da "cozinha" da banda. "Nossas ações, por menores que sejam, refletem em todo o planeta. Ficamos muito felizes por estarmos aqui pensando nisso com vocês", afirmou o cantor ao falar um pouco do fórum.



O show terminou com a apresentação de Seu Jorge que fechou com chave de ouro. Optou por um formato de voz e violão e por um repertório de músicas que se afinavam aos temas debatidos no fórum. Um exemplo é a música Zé do Caroço: "e na hora que a televisão brasileira destrói tanta gente com a sua novela, é que o Zé põe a boca no mundo, ele faz um discurso profundo, ele quer ver o bem da favela".


Os participantes que ficaram até o fim foram embora animados, com sorrisos nos lábios e com muito para refletir.


(Fotos: Júlia Dias)

A Terra não precisa de nós. Somos o câncer da Terra.


Foi o que Leonardo Boff afirmou quando começou a sua fala no segundo dia do III Fórum de Comunicação e Sustentabilidade. Segundo ele, a humanidade nos últimos 400 anos tem vivido para a acumulação de riquezas para o consumo ilimitado e esse modelo de consumo, aliado a uma ideia de dominação, gerou diversos problemas ecológicos como o aquecimento global.

No entanto, para o professor, ainda há uma alternativa: um segundo modelo baseado em encontros nos fóruns mundiais para discutir a sustentabilidade. Esse modelo, que se contrapõe à dominação, significa o cuidado. “A dominação é a mão fechada, esse outro modelo é a mão aberta para entrelaçar os dedos”, diz. A Carta da Terra (declaração de princípios éticos para a construção de uma sociedade sustentável na atualidade) não utiliza o termo “meio ambiente” e sim "comunidade de vida". “Queremos o ambiente inteiro”, ressalta o teólogo que é membro da Comissão da Carta.

Para Boff, o verbo mais necessário na modernidade, principalmente quando discutimos a sustentabilidade, é cuidar. Cuidar de nós mesmos, cuidar dos outros, cuidar da natureza, porque tudo aquilo que cuidamos tende a durar muito mais. “Hoje o imperativo é cuidar, cuidar e cuidar. O cuidado é uma relação amorosa com a realidade. É servir ao outro. Nós não administramos as nossas famílias, nós amamos nossas famílias. Cuidamos delas. E é assim que devemos tratar a natureza.” O professor aponta a importância dessa preocupação com a natureza e cita o discurso de Evo Moralles, no qual ele diz que a Terra não pode ser tratada como simplesmente terra, mas sim como Mãe Terra. “Terra você compra, vende, mexe. Mãe você ama, cuida, respeita. É preciso essa relação de cuidado, de sinergia, de respeito com a Terra”, diz Leonardo Boff.

Quanto à contribuição da comunicação para a sustentabilidade, o professor diz que os meios de comunicação são importantes para suscitar a consciência, já que produzem incômodo, fazem com que as pessoas leiam, se preocupem, se movam. “O relógio corre contra nós. É preciso esse incômodo que a Comunicação nos causa.”

O professor destaca que o ser humano nunca deixará de consumir, porque o consumo é premissa básica da sua natureza, mas que precisa consumir com responsabilidade, com parcimônia. Esse novo modelo de consumo estaria baseado em duas pilastras. A primeira seria o cuidado. A segunda a sustentabilidade, que para ele é permitir que cada ser, o planeta, uma instituição, possa garantir as condições para reproduzir a sua vida e continuar o processo de evolução da Terra. “O desenvolvimento é devorador, a sustentabilidade não. É o sentido da biodiversidade, da cooperação: um complementando ou outro. Essa é a lei do universo: os seres mutuamente se ajudando”, ressalta Boff. Conforme o teólogo, o modelo de desenvolvimento que adotamos atualmente não permite que todos garantam a sua vida igualmente (daí vem a pobreza e consequentemente a violência). Esse modelo não é de sustentabilidade.

Leonardo Boff ainda faz uma indignação: “As pessoas festejam, estão na coluna social com copos de uísque, felizes como se a sociedade fosse toda feliz, sem perceber a gravidade do que se vive. Não percebem que estamos num Titanic, mas que podemos ir para a Arca Salvadora de Noé. Mas não só alguns. Todos. Esse novo mundo deve nascer dotado de cuidado, não só consumir bens materiais, que já esgotaram, mas sim da espiritualidade que é infinita. Amor é infinito, solidariedade é infinita. É disso que a gente precisa”, termina o grande mestre ovacionado pela plateia.


Nos bastidores, após uma sessão de autógrafos, Leonardo Boff falou especificamente sobre sustentabilidade e meios de comunicação. Confira no vídeo abaixo.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Mas, afinal, o que é sustentabilidade?

Os estudantes de comunicação da PUC Minas encararam o desafio de realizar a cobertura paralela de um evento internacional: o 3º Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade.

Mas, afinal, o que é sustentabilidade??? O desafio já começou aí...









Suposições à parte, se encaminharam para as palestras e foram surpreendidos: o conceito de sustentabilidade não é fácil de se delinear, abarca vários sentidos e, até mesmo os palestrantes, consideram uma tarefa difícil definir este termo.

"Existem muitas definições para sustentabilidade. Vamos estabelecer apenas uma para esta minha fala de hoje. Sustentabilidade: preocupação em manter a terra em bom estado" - Gilberto Maldonado (mesa 1 do primeiro dia)

"Sustentabilidade é suporte, apoio, dar longevidade, fazer com que faça sentido para as próximas gerações" - Débora Garcia (mesa 1 do primeiro dia)

"Cara, é a terceira palestra que eu sou convidado pra fazer sobre esse tema. Tive que abrir o dicionário pra ver o significado dessa palavra de playboy, mas confesso que até agora não entendi muito bem o que é essa tal de sustentabilidade ao pé da letra" - Ferrez (mesa 2 do primeiro dia)

"Sustentabilidade é permitir que cada ser, o planeta, uma instituição tenham condições de existir, de continuar na terra sem se extinguir. É o equilíbrio de todos os elementos para que possam crescer e viver juntos" - Leonaro Boff (mesa 3 do segundo dia)


Com tantas informações, parece possível começar a fechar essa Gestalt e esboçar um conceito. E para você? O que é sustentabilidade? E qual é a sua pegada ecológica?

Dia de Yunus e Boff

Segundo dia do Fórum. Mesa, palestra, diversidade de opiniões, Marisa Orth como mestre de cerimônias, tudo muito harmonioso até a tradução simultânea via fone dar problemas e tirar nossa Mc. do sério. Um pequeno contra tempo que, de forma nenhuma, tirou o brilho da discussão em andamento.
No primeiro tempo do dia, mediada mais uma vez por Mona Dorf, compunham a mesa Bert Parlee, Tia Dag, da casa do Zezinho e o multi artista MV Bill, que dispensa apresentações. Intervalo nas falas para fechar de uma forma brilhante a primeira rodada: Leonardo Boff.

Leonardo Boff, o sacerdote do saber

Abrilhantando o evento com sua presença quase transcendental, Boff trouxe uma carga pesada de reflexão para o momento em que vivemos. Professor de Ética, Filosofia da Religião e Ecologia, este grande escritor com mais de sessenta livros publicados sacudiu nossas consciências com seu discurso sobre a ética do cuidado: “É imperativo cuidar, cuidar e cuidar, não administrar”, provoca. Criando uma conexão direta sobre amor, ação e atenção com o próximo e com a terra, Boff que foi um dos contribuintes para a formatação da carta da Terra seguiu dizendo que “sustentabilidade é permitir que cada ser vivo conserve sua vida, com cooperação.
É preciso que abandonemos o consumo capital financeiro, que é limitado e passemos a consumir o capital espiritual que é infinito”. Sugere que a única saída é uma “revolução “molecular”. Não do peito para frente, mas das costas para frente, para sanar esta falta de consciência social vigente”. Seu discurso inflamado, de uma personalidade que viaja pelo mundo dando palestras e estudando o que o homem faz com o planeta, expõe que a humanidade não quer mais o meio ambiente, quer um ambiente inteiro. E termina seu discurso parafraseando um filósofo que diz que “O ser humano não aprende com a história, mas sim com o sofrimento”. Sensação final de sua exposição? O circo está pegando fogo, e não queremos sair de dentro.

Muhammad Yunus não quer ser um milionário...

...”só” quer que a miséria acabe no mundo. Em uma mesa composta por integrantes da alta sociedade empresarial brasileira, a presença de Yunus, inspirou todos os discursos. Criador do Grammem Bank, este prêmio Nobel da Paz 2006, abaixa a bandeira do capitalismo animal. Extremamente respeitado por sua genial atitude, diz que para nos sentir felizes precisamos aprender a apreciar a felicidade dos outros. Hoje o dinheiro é uma forma errada de se perceber a felicidade, logo, trabalhar deveria ser mais importante do que estudar.

Yunus usou desta confusão para incentivar a alfabetização de um país inteiro. Oferecendo créditos em seu banco, sem auxílio de grandes empresas, elevou a renda na base da pirâmide social em troca de crianças na escola. Acreditar na cultura é uma forma de investimento, acredita Yunus.



Fechando os trabalhos

Depois de tanto debate, precisaremos de um bom tempo para digerir tudo que foi dito e exposto. O problema ambiental é urgente e necessita ação. Começar já. Não há mais tempo! Mensagem forte de uma terra que não tem mais saída. Os recursos estão escassos e precisamos uns dos outros, de olhar para o lado para continuar caminhando, vivendo.

Para o final um show quase particular de Manu Magalhães, MV Bill, GOG, Jairzinho, Móveis Coloniais de Acajú e o grande astro Seu Jorge para uma platéia de pouco menos de 300 pessoas... mas que participaram intensamente. Uma forma positiva de se fechar um fórum tão denso. Muito bom, mas agora é com a gente. Cada um fazendo sua parte. Consciência, cuidado e ética!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Mandioca, macaxeira ou aipim?

O mesmo tema com visões bem diversas. O Forum se mostrou bem democratico na medida em que pos na mesma mesa, e discussão, pessoas com funções e opiniões diversas. As perspectivas que se divergiram causaram um impacto e provocaram conclusões hibridas. Na mesma mesa havia intelectuais, catador de produtos reciclaveis, ativista estoniano, rappers, filosofo, artistas, educadores, funcionarios da comunucação, empresarios, representantes de grandes empresas, premios Nobel, pisicologo, além da plateia. Todo este conhecimento gerado por estas discussões, não podera ser absorvido de uma so vez e sim deglutido de pouco em pouco. Esta experiência tão rica nos vez "descascar a mandioca, a macaxeira e o aipim" e com isso vislumbramos toda esta diversidade que os temas abordam. O mesmo objeto é visto e percebido por olhos e lentes diferentes, de acordo com a bagagem cultural de cada um.
"O ponto de vista é a vista de um ponto" (Leonardo Boff).
Pungiu?
Flavio Fantini, Matheus Marinho e Vinicius Morais

Leonardo Boff fala sobre a juventude


Eu tive a oportunidade de conversar de perto com o Leonardo Boff e aproveitei para fazer algumas perguntas que estão no auge e merecem discussão. Uma delas, que foi mencionada pelos palestrantes MV Bill, pelo Ferrer, Tia Dag e outros enquanto falavam sobre a importância da educação e da falta de oportunidade, é sobre a Redução da Maioridade Penal. Se você ainda não ouviu falar, pode procurar informações no site do Senado, e pode também postar aqui seu comentário. É importante ressaltar que a sustentabilidade não passa apenas pelo cuidado com o meio ambiente, mas com a criação inteira. Afinal, cuidamos do planeta para que as pessoas possam viver nele. Pensar em reciclagem e nas maneiras de diminuir a geração de lixo, é antes de tudo, pensar na conscientização para o consumo consciente, e nas tantas pessoas que só tem o lixo para comer e sobreviver. As provocações que esses palestrantes fizeram vem ao encontro da discussão sobre sustentabilidade e cuidado com os seres humanos. Como cuidar do meio ambiente e ainda cuidar da população que não tem acesso à educação de qualidade, nem a espaços como este Fórum para conhecerem e se posicionarem em relação aos cuidados com o meio em que vivemos, não tem acesso à sociedade. Tornar o país sustentável, é tornar cidadãos sustentáveis. Cidadãos conscientes de seus direitos, e que se posicionam participando das decisões de seus representantes no Estado. Para alcançar a sustentabilidade, é preciso garantir que todos sejam parte do processo de transformação. E isso só é possível a partir do investimento em educação e participação política. Confiram o que pensa Boff sobre esse assunto.

Pergunta da mãe terra: Sustenta o quê?

Acontece nos dias 19 e 20 de Abril de 2010, o III Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade. Quando ouvimos sustentabilidade ou desenvolvimento sustentável sempre pensamos em natureza, reflorestamento, empresas gigantes que acabam com o planeta, reflorestamento, morte de rios, reflorestamento. Ok! Não está errado, porém o fórum aborda um outro lado interessante da sustentabilidade e uma forma muito intensa. Digamos que o lado “B” da sustentabilidade: a humana. Crianças. Este é o foco de muitos dos palestrantes (para saber mais acesse o site www.comunicacaoesustentabilidade.com)

No primeiro e intenso dia, foram oito horas de palestras da maior qualidade divididas em dois tempos. No primeiro tempo, mediado por Mona Dorf jornalista de prestígio no meio, Debora Garcia do canal Cultura, Lucian Tarnowski e as redes sociais, o poeta popular Gog, o representante da Unicef, Vincent Defourny, e a prêmio Nobel da paz 1992, Rigoberta Menchú, que nos falou de amor, de gostar do planeta e cuidar das pessoas. Participante da escrita da carta da Terra, tocou a platéia de uma forma muito intensa pela sinceridade com que fala sobre sustentabilidade do ser humano.

Neste primeiro momento também ajudado pelo Gog, com uma história de luta e preconceitos, como tantos brasileiros entendi que esta sustentabilidade de que falamos passa necessariamente pela educação do ser humano e a educação ambiental e não só por atitudes pontuais em alguns problemas ecológicos e ambientais. Entendimento este que foi complementado em aspectos mais técnicos no segundo tempo dos debates.

Neste segundo tempo, mediado por Mauro Dahmer, responsável pela iniciateiva da MTV da campa nha “Desligu a TV, e vá ler um livro”, o ser humano continuou a ser o foco principal desta sustentabilidade lado “B” e do papel da comunicação em prol do resgate da humanidade do indivíduo com o discurso apaixonado e confiante do rapper Ferrez. A partir daí, começou a aparecer um outro lado da sustentabilidade, ou, lado “A”: A natureza.

Pudemos apreciar a impressionante do movimento “Let´s do it!”, em que o palestrante Rainer Nolvak, participante ativo deste ato, ajudou a fomentar a idéia da limpeza de um país, a Estônia. Comunicação e natureza. lado a lado. Daí veio o Tião, representante dos catadores de materiais recicláveis e toda a importância deste ofício. E em meio a tantas informações sobre os “dois lados” da sustentabilidade, tivemos uma verdadeira aula à parte do especialista nestes dois assuntos André Trigueiro.

Jornalista do canal Globo News, responsável pela série de programas Cidades e soluções, emocionou e encantou a platéia com seu discurso firme, intimidador, coerente, inflamado e apaixonado. “A mudança começa de dentro para fora”, “Cuidado com o uso das palavras sustentabilidade e desenvolvimento sustentável”, “Não existe fonte geradora de energia limpa”, “ética”, foram algumas de suas falas que marcaram. Discurso mais que perfeito sobre os dois temas em profundidade que levou a todos a uma reflexão sobre o que fazemos, de forma direta ao rapper Ferréz.

Um evento muito bem organizado e acolhedor com tantas personalidades destes dois assuntos só poderia mesmo gerar uma grande expectativa para o 2º dia.

Uma dose de realidade, atitude e esperança

Tia Dag, trouxe à mesa a importância da educação na formação dos cidadãos e na mudança social; mas não a forma tradicional de educação, baseada somente em teorias e na pedagogia de cartilha, mas no ensino e conhecimento mais rápido, criativo e próximo dos contextos sociais de cada grupo. Em algumas comunidades essa é a única forma de não perder o estudante. Em diversos contextos a educação é menos valorizada que o trabalho e as demais formas de ascensão social, portanto, a reação natural é a desistência do estudo. A palestrante questiona com veemência se esse modelo de escola atual é mesmo correta e aponta para a crise deste tipo de transmissão de informação e propõe a exploração da criatividade e de saídas alternativas; "a copa do mundo está na moda. Porque os educadores não pegam isto e ensinam geogragia, ética, filosofia e as diferentes culturas? Essas são coisas que prendem o aluno e o deixam interessado", explica a militante.
A coordenadora da Casa do Zezinho, também chamou os jovens a maior participação, ao posicionamento e a criação e realização dos projetos. Lembra que o pluralismo e a diversidade são muito importantes, mas não podem fazer com que os grupos se fechem neles mesmos. Pelo contrario, é preciso utilizar as diferenças em conjunto, para tornar a mobilização mais forte. Aos jovens, segundo ela, cabe criar novas politicas publicas e participar mais das tomadas de decisão. Confira mais da conversa abaixo.

Conversa com Tia Dag

Flávio Fantini e Vinícius Morais

Nada é perfeito

Até então quase tudo corria bem no Fórum, porém na ultima parte da palestra, aconteceram problemas com os tradutores. O ganhador do premio Nobel da Paz em 2006, Muhammad Yunus iniciaria a ultima mesa do evento, porém os fones de ouvido que foram disponibilizados ao público para receber a tradução não funcionaram.
Muhammad falaria em Inglês mas a maioria da plateia não possui fluência na língua, impossibilitando assim um entendimento entre ele e o público.
Tentando manter a platéia em seus lugares e evitar maiores problemas, a mestre de cerimônia Marisa Orth lançou mão de sua experiência como comediante para com o fim de entreter o público até a resolução do problema.
Como o imprevisto não foi resolvido até o término das piadas de Marisa, Vera Cordeiro tomou a frente e começou a sua palestra, depois de ter passado pelo constrangimento de o público achar que ela iria traduzir Yunus.
Ao fim da palestra de Vera, o problema com os fones ainda permanecia sem resolução, e sendo assim, os organizadores do evento disponibilizaram uma das tradutoras para ir traduzindo em tempo real a fala de Yunus no palco. Essa maneira de realizar a tradução, atrapalhou muito o discurso do ganhador do Nobel, tornando-o cansativo, longo e muitas pessoas conseguiam entender suas falas primeiro, por dominarem o inglês, antecipando as reações esperadas da plateia.
Enfim, o problema foi resolvido, porém fez com que uma das presenças mais esperadas no Forúm fosse ofuscada pela falta de dinâmica no discurso.
Confira abaixo o momento da constrangedora confusão e o "chilique" de Marisa Orth.

Bárbara Ferreira, Luísa Melo e Raphael Vieira

A voz do povo

O tema da segunda mesa do primeiro dia(19/05) foi: Integridade Ecológica. No decorrer das palestras, surgiram sub-temas de verdadeira relevância para as discussões do fórum. Os palestrantes Tião dos Santos (representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis) e Ferrez(nascido no Capão Redondo, escritor, MC e fundador da marca de roupas 1DASUL) foram figuras que contribuíram fortemente para a formação destes outros temas. "Quem pensa no catador como um trabalhador? Quem pensa neles como profissionais fundamentais para a redução do lixo? O catador é aquele que atrapalha o trânsito? Que está na rua porque escolheu? Que é vagabundo? É preciso rever os valores da sociedade." Afirmou Tião, arrancando aplausos do público. E ainda acrescentou: "As empresas não estão fazendo um favor em ser sustentáveis, estão fazendo uma obrigação." Ferrez, por sua vez, se ateve à ecologia social e mental. Falou sobre a desigualdade social e sobre o hip hop e a literatura como ferramentas para enxertar auto-estima nas pessoas da periferia. "São quinhentos anos de mídia detonando o sujeito: é preto, é menor que os outros, é criminoso. A pessoa liga a televisão, abre a revista, vê o padrão europeu e o incentivo ao consumo. É isso que ela passa a querer", afirmou.

Fizemos uma entrevista com cada um deles: Tião e Ferrez. Vale a pena escutá-los! Confira abaixo:







Por: Júlia Dias e Mauro Fernandes

Responsabilidade é o começo



“Sustentabilidade é responsabilidade”, com esta fala Tião Santos presidente da associação dos catadores do aterro metropolitano do Jardim Gramacho, iniciou sua palestra. Segundo Tião, a "sustentabilidade é tratada como negócio e não como uma responsabilidade”, as empresas se utilizam da sustentabilidade como mera fachada, como uma maneira de se promover. "Você entra em um banco e tem um tanto de papel reciclavel la. Agora eles se preocupam onde vão parar esses papeis? E o catador de lixo, que fazem a base da reciclagem? Eles não lembram", pondera Para ele o Brasil precisa valorizar a base para depois desenvolver projetos que realmente alcançariam a todos. “O Brasil bate recordes em reciclagem de latinhas, mas, não valoriza o catador”. De acordo com Tião será um grande desafio para o Brasil crescer “sem deixar cair” e se sustentar. Tião ainda frisou que a responsabilidade tem que vir primeiramente de cada um.

Flavio Fantini e Vinicius Morais
Foto: Mauro Fernades

Repercussão - Mesa 3

O tema da primeira mesa do segundo dia foi: Respeitar e cuidar da comunidade da Vida.

MV Bill e Tia Dag contaram um pouco de seus projetos sociais, dando exemplos de como é possível ser ativo e cuidar da sociedade a nossa volta. A mesa também contou com a presença do psicólogo Bert Parlle e do professor Leonardo Boff. Boff enfatizou a questão do cuidado: "Pensemos na ética do cuidado: cuidado de si mesmo, cuidado com os outros, cuidado com a natureza. Vejamos a terra como uma mãe, a pachamama, pois assim não a exploramos ou vendemos. Nós a respeitamos, cuidamos, veneramos."

A estrura das mesas se divide em dois momentos: a palestra dos convidados e o debate. Neste segundo momento, os palestrantes respondem as perguntas dos participantes presentes no fórum ou enviadas via web. As perguntas feitas aos integrantes da mesa 3 foram tantas que não houve tempo para que todas fossem respondidas. O público parece ter se sensibilizado com o tema e as discussões.

Houve até quem se identificasse:



Marilea Peixoto e Rita Beraldo - Diretoras da ADAPS - www.adaps.org.br

Quando o sono atrapalha

O slogan do fórum “começa por você” parece não ter sido incorporado por alguns participantes. Apesar de vários palestrantes parabenizarem o grande número de participantes e a disponibilidade de estarem presentes discutindo questões importantes, alguns “gatos pingados” aproveitaram o momento pra dar aquele cochilo. Será que estes dorminhocos estão realmente envolvidos com os assuntos pautados no fórum ou apenas escapando de 02 dia de trabalho?

Flavio Fantini e Vinicius Morais

Autonomia de discurso.

A Casa do Zezinho é um projeto social localizado no bairro de Capão Redondo, na cidade de São Paulo. Ativa há 30 anos, a casa estruturou-se como "uma comunidade de pessoas que têm como visão comum a necessidade de construção de uma sociedade
onde os conceitos de desenvolvimento humano, de cidadania e os direitos a ela inerentes sejam a linha ética mestra da convivência", como descrito no site do projeto. A casa tem como objetivo praticar uma pedagogia distinta, em que o aprendizado seja bilinear, quer dizer, do professor ao aluno e vice-versa. Com isso, pretendem criar nas crianças autonomia de pensamento e condições para uma vida melhor.

Por sorte do destino encontramos Dagmar Rivieri Garroux, pedagoga e fundadora da Casa do Zezinho, mais conhecida como Tia Dag, que nos cedeu uma descontraída entrevista ao ar livre.

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Fórum Verde Paralelo: Qual a relação do evento com o seu projeto?

Tia Dag: O evento é de comunicação e sustentabilidade e se você não investir em educação, informação e desenvolvimento humano, você não tem sustentabilidade. A primeira coisa, qualquer processo de mudança tem que passar pela educação. E a educação que eu estou falando não é a educação formal, é a educação da casa, deste tipo de evento.
Uma coisa que me pega muito é que este tipo de evento não acontece na periferia, lá em São Paulo ou nos morros aqui no Rio, e deveria para que as pessoas também pudessem ter essa consciência. Quem mora, por exemplo, lá no Capão, como ele vai pensar?
E ele [o morador da periferia] já faz sustentabilidade, ele pega resto de tábua lá e faz a casa dele, tudo bem que ele tá jogando o esgoto dele dentro de um rio, mas como você fala disso tudo se ele mora dentro do lixão? Como você vai falar para ele que a garrafa ou o lixo pode ser reaproveitado, se ele não tiver a educação, a informação? Precisa disso.
São sempre os mesmo locais, ou nas universidades, ou nos centros de eventos. Tem que sair! Aí teria tudo a ver com o meu projeto no terceiro setor, porque eu não separo o ser humano do meio ambiente, o ser humano também é ambiente, também é natureza, ele também é terra, ele também é ar, também é natureza.
Na casa do Zezinho, a gente trabalha isso desde o começo, tem tudo a ver com comunicação. Mas tem que sair dos grandes centros, a Universidade tem que sair de lá do trono dela, mas não pode chegar achando que é dona do conhecimento. Porque tem que aprender com a comunidade. Se você consegue viver numa comunidade como a minha, que a renda per capita varia de 70 a 140 reais por mês, que vive abaixando da linha da pobreza, como eles vivem? São muito mais sustentáveis que a classe média que tem um tênis tal, uma camisa tal. Já estão fazendo isso [sustentabilidade] a muito tempo, mas pela miséria, não pela vida.
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FVP: Ano passado o fórum foi em São Paulo, você participou do evento?

Tia Dag: Não, o ano passado eu não participei.
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FVP: E o que você achou do evento? Da repercussão e dos palestrantes?

Tia Dag: Eu gostei muito, a pedagogia da casa do Zezinho é a filosofia Arco Íris, porque são diversas cores, diversas possibilidades, individualidades e sonhos. Eu espero que ele possa repercutir mais, em muitos mais locais, não só nos grandes centros.
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FVP: Mudando um pouco de assunto, o que você acha do nosso sistema de educação brasileiro?

Tia Dag: Primeiro, tinham que destruir as escolas e recomeçar, porque o que está se educando? O que está acontecendo com as escolas? A escola pública é um caos, a escola privada... quer dizer, a gente vive num país democrático que não existe democracia. A escolar, a de saúde, de moradia. No meu ponto de vista tem que acabar esse modelo de escola. Eu acredito que o professor da escola particular não está antenado, não sabe o que pode fazer na web, o que ele pode fazer com ensino a distância. Por exemplo, quando eles falam em democracia, as Casas Bahia já fizeram democracia (rs), pois elas colocaram computador para todo mundo, o problema é ter dinheiro para pagar a internet. Aí vem o tal do “gato”. Mas já teve inclusão digital, as Casas Bahia fizeram isso. As escolas têm que parar. Acabou esse modelo.
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FVP: Você acha que a relação professor/aluno tem que mudar também?

Tia Dag: Totalmente. Para mim a relação é ser-humano/ser-humano. Todo mundo tem coisas para passar um para o outro. Vocês jovens tem muito mais para ensinar para um professor na área de tecnologia, na área que vocês dominam. E o professor também tem que trazer o conhecimento que corresponda ao que você tem de interesse, na sua realidade. Uma coisa que eu me pergunto: Porque até hoje ensinam o que é decâmetro? Eu, por exemplo, não sei para que serve. A bendita tabela periódica que ensinam no segundo grau. Pra quê? Tem que ensinar como se anda, como se lê mapa, como se anda na cidade, onde estão os pontos culturais, como ele pode ter acesso a tanta informação, mas é uma coisa que não acontece. Isso é um absurdo.

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Mais informações sobre o projeto, acesse o site da Casa do Zezinho


Bárbara Ferreira, Luísa Melo e Raphael Vieira

Atraso e irritação

Em um evento nem tudo são flores, sempre podem ocorrer imprevistos. O atraso para o início do Fórum ocasionou alguns problemas. A falta de tempo ocasionada pelo atraso deixou alguns participantes irritados. A principal reclamação foi o pequeno espaço dedicado as perguntas e principalmente aquelas vindas da platéia. Segundo a mediadora Mona Dorf todas as perguntas serão respondidas no blog do Fórum.

Flavio Fantini e Vinicius Morais

Relação Palestrantes - Participantes

“Ser sustentável para mim é ter capacidade de produzir e ao mesmo tempo criar perspectiva para que gerações futuras possam usufruir dos mesmos espaços e recursos antes utilizados”. Assim respondeu Bruno (foto), ator carioca e estudante de jornalismo, antes do início do evento.

As reflexões sobre sustentabilidade e da sua relação com a comunicação estiveram em voga nas conversas na platéia, no coffee-break” e nas palestras. Lucian Tarnowski, um dos convidados da mesa 1, defendeu o advento da mídia social como uma revolução na comunicação, saindo do âmbito do monólogo e encontrando nos múltiplos pólos de geração de conteúdo (okut, facebook, twitter, etc) uma ferramenta poderosa para a disseminação da educação em prol da sustentablidade. Já Gilberto Maldonado, diretor diretor de comunicação da Petrobrás, compartilha de uma visão parecida com a do Bruno, defendendo sustentabilidade como “grau daquilo que produzimos de fora que não venhamos a comprometer a possibilidade de gerações futuras utilizar os mesmos recursos que utilizamos hoje”.

Também antes do evento, Rafael, estudante de jornalismo na PUC Minas e por coincidência, criador do layout deste blog, opinou sobre o desenvolvimento sustentável. “Para mim é uma farsa. Nada mais é do que uma desculpa que as grandes empresar usam para usufruir do meio ambiente de acordo com os interesses do sistema dominador, sendo legitimado na publicidade. Não tem nada de preocupação ambiental.”GOG, músico e poeta brasileiro, também questionou o papel da comunicação:

Por fim, nota-se a necessidade de mais discussão acerca da teia SUSTENTABILIDADE – COMUNICAÇÃO – DEMOCRACIA para ampliar a percepção dos laços criados entre estes três conceitos, pois sempre haverá algo a mais a aprender. Depois de ouvir as palestras, Bruno percebeu esta importância “Realmente temos pouca idéia da dimensão do conceito de sustentabilidade. Não é somente ligado ao meio ambiente, é muito mais amplo. Pode ser relacionada a acesso a direitos sociais de igualdade, ter educação para assim ter conscientização.”

Matheus Ventura e Rafaela Goltara

A mesa três

Após quase quatro horas de palestras e debates, com um pequeno intervalo para coffe break, encerramos a terceira mesa do fórum. A penúltima, onde participaram nomes como Tia Dag, MV Bill, Leonardo Boff e o canadense Bert Parlee.



O professor Leonardo Boff comentou praticamente durante toda sua palestra sobre a Carta da Terra, a qual ele fez parte da discussão durante oito anos. Para mim, foi o assunto mais sério debatido no fórum. Por ele ter uma aparência séria, experiente, ele nos ‘assustou’ com a convicção que trata o futuro do nosso planeta. A platéia prestou bastante atenção durante os minutos falados em cima do palco, alguns rostos tiveram expressões sérias, de que realmente o que era exposto deveria ser pensado. Ele citou que fala para nos preocupar. “Quero angustiar vocês, pois o tempo do relógio corre contra nós, vamos produzir”. Ele foi ovacionado ao comparar a Terra a uma mãe e quando citou que “estamos cansados de meio ambiente, queremos um ambiente inteiro”. No final, foi aplaudido com muita intensidade.

Daniela Rezende

"Do mundo material para o mundo sustentável"







Ontem o Fórum contou com a presença do jovem inglês Lucian Tarnowski, que criou uma plataforma de recrutamento social chamada Brave New Talent. Ele falou bastante sobre as redes sociais, e a mudança de paradigmas provocada pela internet em um curto espaço de tempo. Para ele, as redes sociais vêm modificando o modo de fazer comunicação, principalmente com a introdução dos jovens neste cenário. Além disso, Lucian também ressaltou que a nossa geração tem grandes possibilidades e responsabilidades com o futuro.
Em uma rápida entrevista após a discussão, Lucian avaliou o evento: “o fórum foi incrível, e acho que o Brasil utiliza muito propostas sustentáveis, ontem fui a um evento de moda e pude perceber a presença da sustentabilidade em todo lugar. Acho que está é uma grande questão e é reconhecível no Brasil.” Além do evento, o europeu também teve uma ótima impressão do Rio de Janeiro, “O Rio é umas das cidades mais bonitas que eu já vi”, afirma.
Lucian também acredita que “o Fórum nos encoraja, e explica como passaremos do mundo material para o mundo sustentável”. A presença de pessoas com experiências diversas também foi um ponto crucial e, de acordo com o entrevistado, “foram grandes palestrantes, fiquei honrado de dividir o palco com uma ganhadora do premio Nobel, e vocês tem sorte também de assistir amanha outro ganhador do premio, o Muhammad Yunus, que é um herói para mim”. A presença de muitos jovens também chama a atenção, “a grande quantidade de jovens é encorajadora, além de serem jovens engajados. Vale a pena pensar também que a comunicação é a chave, e as redes sociais uma ferramenta para disseminar essa comunicação”, afirma o europeu.
Também, pode-se ressaltar a conexão da sustentabilidade com a comunicação, que é tema recorrente das discussões do Fórum, e Lucian acredita que “elas já estão conectadas, já existem vários grupos acontecendo, como o Greenpeace, por exemplo, que já tem meio milhão de fãs no facebook, e já existem várias outras iniciativas como esta. O importante não é como a gente faz, mas como a gente aumenta o impacto disto, o impacto de usar a internet para disseminar a sustentabilidade, principalmente hoje, porque as pessoas se preocupam cada vez mais com a agenda verde”, concluiu.

Bárbara Ferreira, Luísa Melo e Raphael Vieira

O segundo dia

Começou também com atraso o segundo dia do III Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade. Quase dez horas da manhã, Marisa Orth iniciou a apresentação do segundo dia e chamou os participantes da terceira mesa: Tia Dag, MV Bill e Leonardo Boff foram os presentes. O participante internacional Bert Parlee se atrasou por causa do vôo internacional, mas está no palco agora, se apresentando. Dentro de instantes novas informações.


Daniela Rezende

Experiência pessoal

Estamos aqui, na manhã do segundo dia do Fórum, e eu resolvi falar um pouco sobre a minha experiência pessoal. Sei que a maioria dos leitores quer saber sobre o evento, e sobre o que está acontecendo por aqui, porém acredito que ao expressar as minhas impressões a respeito das palestras e de toda a cobertura, automaticamente consigo mostrar um ponto de vista diferente, ilustrando um pouco mais do que estamos vivendo aqui.
A importância das discussões que tem acontecido aqui é impressionante, conseguimos observar pessoas de várias nacionalidades, várias profissões diferentes e todas preocupadas com a causa do meio ambiente. Acredito que existam muitas maneiras de se abordar esse tema: existem aqueles que usam a causa verde com intuitos errados, mas isso não apaga a importância desta discussão. É preciso mobilizar a maior quantidade de pessoas possível, pois a partir daí, torna-se visível a preocupação com o nosso planeta.
É muito bonito ver que muitas pessoas ocupam dois dias de suas vidas preocupadas em fomentar a discussão acerca do papel dos comunicadores na disseminação do desenvolvimento sustentável e na tentativa de preservar o meio ambiente.
Ser comunicador é algo muito sério, ontem mesmo em uma das palestras, o jornalista Andre Trigueiro falou sobre a importância das palavras, mostrando que é necessário se preocupar com o que é passado para o público e de que maneira. Com isso percebo que além de tentar nos mostrar que é preciso conscientizar pessoas sobre a sustentabilidade, é preciso também educar as mídias sobre como realizar essa função.
Espero que o dia de hoje seja tão bom quanto ontem, e que todos nós consigamos aprender o máximo e extrair tudo o que for possível dessa experiência que nos foi oferecida. É muito válido em minha vida acadêmica poder assistir a um evento não com os olhos de espectador, mas como Jornalista, que assiste e observa para reproduzir isso aos outros.

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Orgulho de ser jornalista

A segunda mesa do primeiro dia do fórum contou com a presença do jornalista André Trigueiro. Trigueiro é extremamente envolvido com a questão da sustentabilidade, publicou inúmeros artigos e livros acerca do tema, atua como professor da PUC/RJ, apresentador e editor-chefe de programas da Globo News, comentarista da rádio CBN, colaborador voluntário da Rádio Rio de Janeiro. (Para saber mais, acessem o site dele: http://www.mundosustentavel.com.br/).

(Foto: Mauro Fernandes)

"Sou jornalista com muito orgulho! Trabalho com palavras e não se pode brincar com palavras. Ética na comunicação! Ética na comunicação que fala de sustentabilidade!". Com essas palavras e outras mais, o jornalista encheu de esperança os estudantes de jornalismo presentes no evento. Alertou para a necessidade de se tomar cuidado ao usar a expressão desenvolvimento sustentável: "A gente precisa explicitar o conflito onde há um falso consenso. Será que ao dizermos a palavra sustentável, todos nós pensamos a mesma coisa? Será que almejamos os mesmos objetivos?".

Falou também sobre a dificuldade de conceber um desenvolvimento sustentável em um país como o Brasil que projeta um enorme crescimento do PIB ano a ano. E exemplificou a China como um país que, ao perceber o alto custo ambiental, optou por não crescer tanto. E ainda salientou: "É possível pensar um mundo mais sustentável. Não é não crescer, é crescer menos".

E com palavras de incentivo e positividade terminou sua palestra: "A humanidade não dá saltos, mas dessa vez precisamos correr contra o tempo."

A primeira é inesquecível!

Quem diria... enfim, a minha primeira postagem aqui! Eu até tentei escrever ontem, mas eu estava tão envolvida com o fórum, os palestrantes, as entrevistas (vocês já devem ter vistos alguns vídeos por aqui...rsrs) que me empolguei feito um pinto no lixo... e não deu tempo...rsrs

A experiência é única! Tenho certeza que muitos gostariam de estar aqui também. Ainda vou contar a odisséia que eu, Matheus, Vinícius e Flávio passamos até chegar aqui. Mas essa história vai ficar pra outro post...rsrs

Nesse momento, está acontecendo a 3ª mesa de debates "Respeitar e cuidar da Comunidade da Vida". Um dos participantes é o querido Leonardo Boff. Conversei com ele há pouco, e quero compartilhar esse momento com vocês. Ele é sensacional, e tem uma presença de espírito incrível! Não há como descrever a sensação que tive ao conversar com ele... inexplicável, inesquecível... Tenho certeza que a galera da PJ vai adorar ver esse vídeo. Esse post é em homenagem a eles!




Perspectivas em "mesa"



A primeira mesa de discussão do Fórum tinha o objetivo de abordar questões referentes a democracia, contestação e mudanças sócias, que segundo alguns teóricos presentes, estudantes desavisados e acompanhantes da discussão, seria totalmente possibilitado pelas novas mídias e redes sociais - um riquíssimo espaço de ação, interação e participação. Segundo eles, a contestação e a luta por um mundo diferente - diga-se sustentável, ou mais, ético e democrático – seria mais palpável a todos, se fosse expandido o contato e acesso das pessoas às novas mídias.


O publico acompanhava a exposição dos palestrantes e respondia bem as proposta, todo discurso que enfatizava a liberdade e capacidade do cidadão de agir e mudar o ambiente em que vive, possibilitado pelas hipermídias estava sendo muito bem construído por Lucian Tarnowski e seu “girl effect”, em paralelo a comunicação empresarial que enfatizava a necessidade de contato com o publico, e a conjugação das palavras internet e sustentabilidade, da Petrobras. Ate que o morador da periferia de Brasília, GOG, se levantou para sua argumentação. O artista mudou os rumos das discussões e trouxe o assunto da participação e das redes sociais para um âmbito mais próximo e orgânico. Se apossou das teorias e caminhos propostos e mostrou como elas existem e como se configuram na realidade nos espaços pobres do país, que alem de acesso, não tem instrução para lidar com esses assuntos. O poeta mostrou a ira do Hip Hop, apontando boas verdades a quem construía e concordava com todo aquele mundo ate então apenas teórico. E o publico? O ovacionou, claro. Em meio a tantas ideiiais e teóricos, era realmente necessária a presença de pessoas do povo, que realmente vivam aquela realidade, descrita e idealizada naquele palco.


A cena se repetiu nas próximas palestras. Débora Garcia e Vincent Defourny explanaram bem, mas se ativeram mais a questões organizacionais e teóricas, o público estava disperso e só voltou a reagir dando animo aos palestrantes, quando Rigoberta Menchú, pôs-se a falar. A vencedora do Nobel da Paz deu mais humanidade aos discursos e, assim como GOG, tirou as idéias e as propostas da utopia e trouxe para mais próximo do cidadão e do possível.



Contraste -A teoria e a realidade


A primeira alfinetada da mesa 1 foi a fala do artista GOG em torno da mídia. Para ele deveria haver uma democratização dos meios de comunicação e um maior aproveitamento de sua comunicabilidade para produzir, e melhor distribuir, a informação. Segundo o artista “Os meios de comunicação trabalham com notícia e não informação”. GOG ainda criticou a limitação de alcance de programas televisivos que seriam educativos, como o Telecurso 2°grau. “O programa passa às 6 horas da manhã quando o meu pai já saiu para trabalhar” diz.






Outro ponto levantado por GOG foi “até que ponto a comunicação atual é verdadeira”. Para ele as comunidades não têm acesso nenhum à mídia, para expor suas idéias e sentimentos, “a radio pirata é a comunicação da comunidade” desabafa.

Na contra mão do pensamento do artista GOG, vem a representante Débora Garcia do canal Futura, que fez uma participação mais institucional segundo vários participantes. Débora afirma que o canal mesmo tendo um perfil “tradicional” distribui informação através de seus programas educativos, e que o alcance do canal é grande. “Através das parabólicas chegamos até ao interior” diz. De acordo com ela o canal Futura aposta na descentralização da informação através das redes universitárias. Mas as redes universitárias acabam excluindo por que é muito pequena a parcela da sociedade que está na universidade.

Segundo Débora o canal futura abre espaço para vários programas feitos por produtores independentes que acabam sendo atrelados a programação “normal” do canal. “Montar uma mídia alternativa está em nossas mãos” afirma. Segundo Débora, o canal Futura promove esta abertura direcionada a produtores independentes, que idealizam os programas e não estão na grande mídia. Mas estes produtores mesmos independentes fazem parte de uma minoria, muitas vezes uma minoria universitária. Apesar de muitas iniciativas de mídias alternativas serem exemplos de sucesso ainda existe muita exclusão.


Segundo Débora, o controle remoto pode ser uma ferramenta para a sociedade exercer pressão na grande mídia, “se o telespectador não gostar, não achar importante, têm outras coisa, ele pode desligar ou mudar o canal” diz. Diante desta fala foi possível sentir uma reação negativa da platéia, além de vários comentários.



Especial

Um momento especial da primeira mesa foi a fala da guatemalteca Rigoberta Menchú, prêmio Nobel da Paz em 1992. De uma maneira simples e inteligente Rigoberta falou sobre diversos assuntos discutidos no fórum, sustentabilidade, redes sociais, comunicação, educação, e cativou a platéia. Segundo ela não basta apenas falar, temos que saber o que estamos falando. “A juventude tem que saber o que falar” afirma. Um ponto bem frisado pela palestrante foi a educação. Para ela a educação é a base de tudo, “eu acredito em uma educação integral” diz. Demonstrando ser uma pessoa antenada, Rigoberta arrancou risos da platéia quando contou que utiliza muito o youtube e quando convidou a todos para participar do seu Facebook. Rigoberta ainda afirmou que as tecnologias de comunicação atuais são de grande importância. “Essas maravilhas são ferramentas que devemos usar para contribuir para um mundo melhor” diz.




Por: Flavio Fantini e Vinicius Morais